segunda-feira, 26/02/2024
A Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho
informa com orgulho que o seu doutorando apresentou defesa da sua tese de
doutoramento intitulada “What is the economic value of culture? Essays on
valuation of cultural activities and consumer preferences”.
A tese defendida no dia 22 de fevereiro de 2024,
na Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, através de alguns
ensaios sobre a avaliação das atividades culturais e as preferências dos
consumidores, trouxe contribuições significativas para perceber qual é o valor
económico da cultura. Assim e conforme resumo abaixo apresentado pelo próprio
autor, a sua tese permite concluir que os benefícios associados ao consumo de
bens e serviços culturais vão para além da sua dimensão de consumo, embora
derivem a respetiva utilidade através do consumo dos mesmos.
“Os indivíduos derivam utilidade através do consumo de bens e serviços culturais, mas os
benefícios que lhe estão associados vão para lá da sua dimensão de consumo. As
externalidades são uma das principais falhas de mercado e justificam a
intervenção pública para garantir uma alocação mais eficiente de recursos
económicos, designadamente através de
regulação e subsídios. A dimensão dessa intervenção depende do valor do bem ou
serviço. Este trabalho estima o valor de uso e de não-uso, para um concerto, um
programa de serviço educacional e a preservação de uma paisagem cultural
específica, utilizando uma técnica de preferência declarada, adequada à
eliciacão de valores não tradicionalmente económicos.
As preferências individuais do consumo de bens e serviços
culturais têm uma característica de learning-by-consuming e esse processo de
formação de preferências pode explicar a lenta recuperação da audiência após o
período pós-COVID-19 em alguns equipamentos especializados na provisão de
concertos eruditos. Por um lado, este trabalho concluiu que a utilidade
derivada do consumo diminuiu após este período; por outro lado, o nível de
rendimento do consumidor revela-se um fator chave na determinação do valor. Portanto,
a intervenção pública deve assegurar o investimento nos programas do serviço
educativo, área onde os indivíduos evidenciam grande apoio ao financiamento
público, e no processo de digitalização para ampliar a audiência, envolvendo
consumidores cuja fruição física está desatualizada face aos seus padrões de
consumo habituais. Finalmente, mesmo que o investimento público em cultura
possa ser considerado regressivo porque a audiência eventualmente poderia
consumir sem apoio público (direto ou indireto), o valor que os consumidores
atribuem é maior do que o preço do bilhete (efeito do valor de não-uso),
indivíduos com rendimentos mais baixos devem ter um preço de acesso que não os
restrinja os benefícios evidenciados (política de equidade e discriminação de
preços).
A intervenção pública é muito ampla, designadamente a
classificação de património e o domínio da conservação. A paisagem cultural não
tem um mercado definido, mas isso não significa que não tenha valor em
função do seu impacto no bem-estar dos
indivíduos. As variáveis género (masculino), rendimentos mais elevados,
ideologia política e sensibilidade em relação a questões ambientais têm um
impacto positivo na importância atribuída à paisagem cultural. Existe uma opinião
favorável quanto ao uso de instrumentos fiscais, como a taxa turística, para a
sua preservação. As políticas culturais devem considerar a sustentabilidade do
turismo, bem como as percepções dos consumidores sobre a proteção cultural,
social e ambiental de territórios e populações.”
A investigação de João Silva é, assim,
fundamental para a formação de políticas públicas mais eficientes e adaptadas ao
fornecimento de bens culturais.
A tese de doutoramento foi orientada pela professora
Lígia Pinto, docente do Departamento de Economia da EEG.
A EEG - Escola de Economia e Gestão dá os parabéns
a João Silva pela sua defesa e deseja os melhores sucessos profissionais e
pessoais.
Gabinete de Comunicação
Escola de Economia e Gestão
Universidade do Minho
Telefone: 253 604541
Email: gci@eeg.uminho.pt