Luís
Aguiar Conraria, Presidente da Escola de Economia e Gestão da Universidade
do Minho (EEG) e professor do Departamento de Economia da mesma escola, foi
referido no Jornal El País, no dia 8 de Março de 2024, juntamente com o
professor Pedro Morgado,
Coordenadores do estudo em referência no artigo intitulado “El Juego de azar
que engancha Portugal”.
Este artigo, com data de 08 de Março de 2023, publicado no
El País, um dos meios de comunicação de maior notoriedade e leitura mundial,
destaca os resultados preocupantes de um estudo sobre a popularidade e o
potencial viciante das raspadinhas em Portugal, focando-se especialmente no
papel do professor Luís Aguiar-Conraria, um dos coordenadores da investigação.
A pesquisa, financiada pelo Conselho Económico e Social em
2023, foi conduzida por uma equipa de sete investigadores da Universidade do
Minho e revelou que cerca de 100.000 pessoas em Portugal enfrentam
"problemas" com este jogo de azar, com aproximadamente 30.000 a
sofrerem de uma adição patológica.
O estudo intitulado "Quem Paga a Raspadinha"
trouxe à luz o perfil predominante dos jogadores mais assíduos: indivíduos com
baixos recursos, idades avançadas, pouca formação escolar e de profissões
manuais, destacando como as raspadinhas afetam de forma desproporcional as
camadas mais vulneráveis da sociedade. As razões identificadas incluem a
simplicidade das regras, a ampla disponibilidade do jogo em locais como cafés,
quiosques e supermercados, a possibilidade de recompensa imediata e o baixo
custo de cada aposta, que gera a impressão de um gasto mínimo. Além disso, a
publicidade indireta gerada por prêmios elevados frequentemente destacados nos
meios de comunicação contribui para a perturbação e o aumento do interesse pelo
jogo.
As descobertas deste estudo provocaram uma resposta do
governo português, que tomou medidas para alterar algumas práticas relacionadas
à comercialização das raspadinhas. Notavelmente, a proibição da venda destes
jogos de azar nas sucursais dos CTT (Correios de Portugal) foi uma das ações
implementadas, refletindo a preocupação com o impacto social e psicológico do
jogo entre as populações mais vulneráveis. Estas intervenções governamentais
evidenciam o reconhecimento da gravidade do problema e a necessidade de
promover um jogo mais responsável.
O estudo também destacou uma paradoxal relação financeira,
com o monopólio das raspadinhas a ser detido pela Santa Casa da Misericórdia,
uma instituição caritativa que se destina a apoiar os mais necessitados, mas
que se financia por meio de um produto que prejudica especialmente esses mesmos
grupos. Esta contradição sublinha a complexidade do problema e a dificuldade em
encontrar soluções que equilibrem a geração de receita para fins sociais com a
proteção da saúde mental e o bem-estar das populações mais desfavorecidas.
Em resposta às preocupações levantadas, o estudo sugere
alternativas à proibição total do jogo, como um maior controle da publicidade
indireta e a implementação de mecanismos de autoexclusão, à semelhança do que
existe noutras modalidades de jogo. Propõe ainda uma aposta na educação da
população sobre os riscos associados às ludopatias, enfatizando a importância
de uma abordagem mais informada e consciente em relação ao jogo.
Este artigo não só sublinha a importância do trabalho
realizado pelo professor Luís Aguiar-Conraria e sua equipa, mas também reflete
sobre como os resultados do estudo influenciaram políticas públicas, levando a
mudanças significativas na gestão e comercialização das raspadinhas em
Portugal.